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Ann Radcliffe: literatura gótica, o terror e o horror

  • Foto do escritor: Michele
    Michele
  • 4 de mai. de 2018
  • 3 min de leitura

Ann Radcliffe é a rainha do romance gótico. O estilo nasceu com a publicação de O Castelo de Otranto, de Horace Walpole, mas foi Radcliffe quem definiu o gênero e inspirou artistas posteriores.


A escritora nasceu na Inglaterra em 1764 e morreu aos 58 anos, em 1823. Pouco se sabe sobre sua vida pessoal, apenas fatos como o encorajamento para escrever que recebia de seu marido, o jornalista William Radcliffe.


Sir Walter Scott, criador do romance histórico e um dos influenciados por Radcliffe, a chamou de “poderosa feiticeira”. A autora também influenciou outros grandes nomes, como Marquês de Sade e Edgar Allan Poe.


Foram publicados seis romances de sua autoria:


  • The Castles of Athlin and Dunbayne – “Os Castelos de Athlin e Dunbayne”, de 1789, sem tradução para o português.


  • A Sicilian Romance – “Um Romance Siciliano”, publicado anonimamente em 1790, também sem tradução. De acordo com o Oxford World's Classics, “Ann Radcliffe começou a moldar a mistura única da psicologia do terror e a descrição poética, que fariam dela um grande exemplo do Romance Gótico, e o ídolo dos Românticos”.


  • The Romance of the Forest – “O Romance da Floresta”, seu primeiro grande sucesso popular, teve quatro edições em seus três primeiros anos. Foi publicado anonimamente pela primeira vez em 1791. O romance combina um ar de mistério e suspense com a tensão entre o hedonismo e a moralidade. Sem tradução para o português.


  • The Mysteries of Udolpho – “Os Mistérios de Udolfo”, publicado em quatro volumes em 1794, é seu romance mais popular. Foi satirizado por Jane Austen em Northanger Abbey.


  • The Italian, or the Confessional of the Black Penitents – publicado em português sob o título O Italiano, teve sua primeira edição em 1797 e foi o último romance da autora publicado em vida. A obra é uma resposta ao livro The Monk (“O Monge”, 1796), de Matthew Gregory Lewis.

  • Gaston de Blondeville – publicado postumamente em 1826, sem tradução para o português.

Além deste último romance, também foi publicado após sua morte um ensaio de sua autoria: On The Supernatural Poetry, em que ela expressa as diferenças entre o horror e o terror, através de exemplificações de obras de Shakespeare e Milton.


Confira a tradução de alguns trechos de On The Supernatural Poetry:


Terror e horror até agora são opostos; o primeiro expande a alma e desperta as capacidades a um elevado nível de vida; o outro contrai, congela e quase as aniquila.
A obscuridade deixa algo para que a imaginação o exagere, confundindo, ao embaraçar uma imagem na outra, deixando apenas o caos em cuja mente pode não encontrar nada a ser magnífico, nada para nutrir seus medos ou dúvidas, ou agir de acordo com isso de alguma forma.
Se a obscuridade tem tanto efeito na ficção, o que deve existir na vida real, quando que verificar o objeto de nosso terror é frequentemente adquirir os meios de escapar dele. Esta imagem, embora indistinta ou obscura, não é confusa.

Em outras palavras:

  • Terror é o medo sentido em relação a algo obscuro, a sensação de antecipação que a mente tem ao ter imaginações exageradas. Precede o momento da experiência; é o medo puro.

  • Horror é a sensação de repulsa a algo que realmente existe. É consequente à experiência; é o medo digerido.


A edição completa da New Monthly Magazine de 1826, em que o ensaio On The Supernatural Poetry foi publicado postumamente, pode ser encontrada no Google Books, como parte de um projeto de digitalização de informações promovido pelo próprio Google.


Fontes:


Livros e Assombros 

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