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Caveiras - Vitor Abdala

  • Foto do escritor: Michele
    Michele
  • 22 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de jun.

“Nunca tive medo de morrer enquanto apurava minhas histórias. Sempre entrei em qualquer favela. Sempre acompanhei tiroteios de perto. Nunca deixei de denunciar qualquer arbitrariedade ou ilegalidade cometida por policiais. Todo jornalista tem, em sua alma, um pouco dessa loucura. A gente acha que nunca vai morrer com uma bala perdida, que nunca vai ser sequestrado e morto por traficantes, que nunca vai ser executado por policiais inescrupulosos.”

Eu conheci o trabalho do Vitor Abdala através de alguns contos, e ele gentilmente me enviou um exemplar de Caveiras no final de 2023. O romance foi publicado em 2018 pela Editora Generale e me acompanhou nos dois últimos dias do ano.


A história se inicia com o assassinato a sangue frio de Serginho, um garoto de 12 anos, em uma favela do Rio de Janeiro. A mãe do menino é a única testemunha e afirma que ele foi executado por policiais do Bope. A mulher é desacreditada pelas autoridades, mas o fato, que recebeu apenas uma breve nota no jornal, chama a atenção do premiado jornalista Ivo, que passa a investigar o ocorrido. A narrativa de Caveiras é a carta de Ivo contando os passos de sua investigação e suas descobertas, enviada ao seu editor para que essa história fosse de alguma forma publicada, para que a morte de Serginho, e de tantas outras crianças, não tenha sido em vão.


Geralmente, quando gosto de algum autor, eu nem leio a sinopse da obra, e esse aqui me surpreendeu bastante. Eu sabia que se tratava de um suspense policial, mas não esperava pelo horror sobrenatural que tomou conta das páginas da metade até o final. Nessa obra existem horrores além da nossa visão, mas também horrores bem mundanos, como a violência policial que assola as favelas, não só do Rio de Janeiro, como do Brasil inteiro. E, se tem alguém com propriedade para falar sobre o assunto, é o próprio Vitor Abdala, já que, além de escritor, ele é jornalista e faz cobertura das ações policiais no Rio desde 2004.


A obra é curta, tem 189 páginas, super fluida, sem enrolação. A linguagem é bem acessível, pois se trata de um relato escrito em primeira pessoa, que testemunha diversos horrores. E também bem pessoal, fazendo com que o leitor se sinta próximo do narrador. Simplesmente adorei esse livro, que dá um soco com seu realismo ao mesmo tempo que arrepia com uma mitologia sobrenatural brevemente descrita, mas bem elaborada.


Nota: 👻👻👻👻½




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