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O Planeta dos Macacos - Pierre Boulle

  • Foto do escritor: Michele
    Michele
  • 7 de jan. de 2020
  • 2 min de leitura

O Planeta dos Macacos é um romance de ficção científica publicado em 1963, que inspirou a franquia de filmes iniciada em 1968. Foi escrito pelo autor francês Pierre Boulle, também conhecido pela obra de guerra A Ponte do Rio Kwai.


Nesta obra futurista, um casal em plena lua de mel no espaço encontra um manuscrito dentro de uma garrafa flutuando no cosmos. Seu conteúdo é o relato do jornalista francês Ulysse Mérou, que partiu da Terra no ano de 2500 com mais dois astronautas e um chimpanzé de estimação, na missão de alcançar a estrela Betelgeuse (localizada na constelação de Órion, a 700 anos-luz de distância).



Após meses de viagem, a tripulação desembarca em um planeta muito similar à Terra, batizado por eles de Soror, e não demora para que percebam que o local é habitado por outros seres. Apesar da semelhança física quase total com os humanos, essas pessoas demonstram comportamentos completamente divergentes da humanidade como a conhecemos, agindo na total bestialidade.


Mas os humanos selvagens não são os únicos habitantes do planeta, e logo nosso protagonista se vê como alvo em uma caçada, em que seus predadores são gorilas. Só que os símios são muito mais parecidos com os Homo sapiens, agindo com racionalidade, vivendo em cidades e possuindo hierarquia.


Receio não ser capaz de transmitir o que esse cenário tinha de grotesco e diabólico para mim. Terei insistido o bastante no físico completamente, absolutamente simiesco desses macacos, excetuando-se a expressão do olhar?

Para o infortúnio de Ulysse Mérou, ele se torna prisioneiro dos macacos, tendo gorilas como carcereiros e sendo estudado por chimpanzés e orangotangos. A grande questão do livro é: o que define a humanidade? Quem são, afinal, os verdadeiros animais?


Uma das coisas mais interessantes dessa obra é a barreira linguística entre as criaturas. Enquanto o protagonista é francês, os símios têm sua própria língua, e um lapso de tempo na narrativa permite que haja aprendizado e interação entre as espécies.


Outro ponto que chama a atenção é o fato de que os macacos colocam os humanos como cobaias em experimentos científicos, o que desperta a reflexão sobre a ética nos testes em animais em nossa realidade. A obra explicita de várias formas a soberba humana em se considerar no topo de todas as espécies.


Com meus parcos recursos, tentei construir uma hipótese que, na verdade, não me satisfez muito. Será que os habitantes daquele planeta, as criaturas civilizadas que víramos nas cidades, haviam conseguido adestrar macacos de maneira a obter deles um comportamento mais ou menos racional, após uma seleção paciente e testes realizados em cima de diversas gerações?

Existem algumas discrepâncias científicas que não condizem com a realidade, mas são detalhes pequenos que não incomodam (muito) o leitor comum.


É difícil ler esse livro sem pensar no filme clássico de 1968, especialmente naquele final impactante. Porém, muitos elementos são bem diferentes (inclusive o tal final). É uma leitura agradável e bem rápida. O manuscrito que compõe quase a totalidade da obra é escrito em primeira pessoa, e o leitor aprende sobre aquele planeta e seus habitantes junto com o narrador. Recomendo!


O Planeta dos Macacos

Capa comum: 216 páginas

Editora: Editora Aleph

Tradutor: André Telles


Livros e Assombros 

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